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Um Sábio Mestre e seu Discípulo andavam pelo interior da China procurando um lugar para descansar. Avistaram um casebre no alto de uma colina e pediram abrigo. Quando chegaram foram recebidos por um senhor com roupas bem desgastadas e muito cansado. Durante o jantar, o discípulo percebeu que a comida era escassa até mesmo para os cinco membros da família e ficou triste. Olhando para aqueles rostos cansados e subnutridos perguntou ao dono: como ele se sustentava? E o senhor respondeu: -Você tá vendo aquela vaca lá fora? Dela tiramos o leite que consumimos e fazemos queijo. O pouco de leite que sobra trocamos por outras mercadorias na cidade. O discípulo, enquanto terminava de jantar, olhou para o mestre que jantava de cabeça baixa e em silêncio. Pela manhã, o mestre e o discípulo levantaram e se prepararam para ir embora. O discípulo disse: – Mestre. Como podemos ajudar essa pobre família a sair dessa situação de miséria profunda? O mestre então falou: – Você quer ajudar essa família? Pegue a vaca deles e empurre-a precipício abaixo. O discípulo espantado respondeu: -Mas a vaca é a única fonte de renda da família. Se a gente matá-la, eles vão ficar mais miseráveis ainda e passar fome! O mestre repetiu a ordem: – Pegue a vaca e empurre-a no precipício. O discípulo, contrariado, seguiu as ordens do mestre e jogou a vaca precipício abaixo. A vaca foi lançada daquela altura e morreu. Alguns anos mais tarde o discípulo sentia remorso pelo que tinha feito e decidiu abandonar o seu mestre e visitar aquela família. Voltando a região ele avistou uma colina onde ficava o casebre e constatou espantado que havia no lugar uma casa linda. Pensou: Depois da morte da vaca ele devem ter ficado tão pobres e desesperados que tiveram que vender a propriedade para alguém com dinheiro. Ele se aproximou e entrando pelo portão de um dos criados, perguntou: – Você sabe para onde foi a família que vivia no casebre que havia aqui antigamente? E o criado: – Sim claro. Eles ainda moram aqui e estão ali no jardim apontando para a frente da casa. O discípulo caminhou na direção da casa e pôde ver um senhor ativo brincando com três jovens bem vestidos junto a uma linda mulher. Quando o senhor avistou o discípulo, reconheceu-o imediatamente e o convidou para entrar. O discípulo quis saber como tudo havia mudado tanto desde a última vez que os viu, e o Senhor explicou: – Depois daquela noite que vocês tiveram aqui a nossa vaquinha caiu no precipício e morreu. Como a gente não tinha mais a nossa fonte de renda e sustento, fomos obrigados a procurar outras formas de sobreviver e descobrimos outras formas de ganhar dinheiro. Desenvolvemos habilidades que nem sabíamos que éramos capazes. O discípulo não podia acreditar no que estava ouvindo. Disse: -Perder aquela vaquinha foi terrível, mas aprendemos a não sermos acomodados e conformados com a situação em que estávamos. Às vezes precisamos perder para ganhar mais adiante. Essa é uma antiga história usada para nos fazer refletir sobre o quanto podemos estar acomodados. Quantas vaquinhas temos em diferentes áreas da nossa vida? Pare um pouquinho para pensar. Quantas coisas já aconteceram com você que te obrigaram a ser mais forte, mais esperto e te fizeram evoluir? Perder um emprego, receber um ou vários nãos? Encontrar pessoas rudes no caminho… Desilusões amorosas ou com pessoas que confiávamos? Quantas vezes perdemos alguma coisa para depois ficarmos melhor? Ás vezes, os frutos de uma fase difícil levam um tempo para aparecer. Ás vezes uma semana. Em boa parte das vezes meses e muitas vezes os melhores frutos de um momento difícil levam anos para serem colhidos, mas quanto mais a gente desenvolver a capacidade de reconhecer isso e usar os momentos de dor para crescer e não para estagnar, maiores serão as colheitas e mais doces serão os frutos. Meu nome é Fabio Soares e esse é o Canal Filosofia Contemplativa, por que pensar não custa nada!