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Nesse vídeo eu vou comentar sobre o Livro Admirável Mundo Novo do Escritor Aldous Huxley e fazer um paralelo com os dias atuais. O livro Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, é um dos grandes clássicos da ficção científica. Foi escrito em 1932 com o objetivo de retratar um futuro que já não parece mais tão distante.
A história se passa em um lugar chamado NOVA LONDRES. A noção de tempo é completamente diferente do que estamos acostumados. No padrão ocidental judaico-cristão temos a divisão da história em antes e depois de Cristo. No livro, o tempo se divide em antes e depois de Ford. Sim… É o Ford das linhas de produção industrial de montagem de carro de 1914 que se tornou um dos modelos da segunda revolução industrial.
No futuro retratado pelo livro não existem mais pais e mães, inclusive sugerir isso chega a ser uma das piores ofensas que se pode dizer a alguém. Todos os seres humanos são criados em laboratório, no mesmo modelo utilizado em uma linha de produção Fordista. Os embriões são selecionados, manipulados biologicamente e condicionados de forma a pertencer a uma determinada casta e estarem felizes com isso. Afinal, todos são felizes. Ao menos é o que todos são condicionados a acreditar.
Como exemplo de condicionamento, logo no início, veem-se bebês de uma casta baixa, a Delta, serem submetidos a choques quando aproximam-se de livros e plantas. O intuito era criar uma espécie de ódio que duraria toda a vida. Nesse contexto, os Deltas jamais perderiam tempo lendo livros (correndo o risco de começarem a ficar insatisfeitos com o seu papel pré-estabelecido) ou gostar de coisas naturais, como simples passeios no campo. Tudo o que é longo e duradouro é duramente criticado. A felicidade e o prazer devem ser instantâneos. Por esse motivo, conceitos de famílias são tidos como vulgares. Todos são de todos e se prender a uma única pessoa é algo quase obsceno e não é bem visto pela sociedade. Não há compromissos, nem vínculos emocionais. E se por algum motivo você começar a se sentir incomodado com essa sociedade, ou mesmo com qualquer outra coisa, basta tomar uma dose de soma, uma espécie de droga distribuída pelo próprio governo que faz com que a pessoa fuja da realidade dos seus problemas.
É neste ambiente que somos apresentados a Bernard Marx, da casta Alfa Mais (a mais alta), um indivíduo que começa a questionar determinados padrões de sua sociedade. Em um certo dia, em uma viajem de trabalho, ele vai para um lugar chamado “Malpaís”. Um nome bastante sugestivo, afinal, trata-se de uma “reserva de selvagens”. Um lugar ainda intocado por aquilo que a sociedade chama de civilização, destinado a preservação dos costumes passados, onde as pessoas ainda vivem nos padrões antigos, formando famílias, acreditando em divindades e outras coisas abominadas por esse novo mundo. Bernard está na companhia de Lenina, por quem inexplicavelmente nutri uma certa atração fora dos padrões considerados normais. Nesse lugar que ele encontra Linda e seu filho, e vê a oportunidade de ganhar reconhecimento levando-os para a civilização consigo. Em Nova Londres ninguém envelhece, eles utilizam métodos que os deixam com aparência sempre jovem, mas em contrapartida diminuiu a expectativa de vida.
Linda é vista com nojo por todos por possuir aparência mais envelhecida e por ser “mãe”. Um dia ela pertenceu à civilização, antes de ter ido parar em Malpaís. Após um acidente ela fica presa naquela cidade onde teve seu filho por meio de uma gravidez. Quando John chega em NOVA LONDRES é chamado por eles de “Selvagem” e é visto com fascínio e curiosidade. Umas das maiores ênfases do livro é o avanço tecnológico que de certa forma condicionava as pessoas desde o nascimento e agir, pensar e falar conforme tudo lhe tinha sido estabelecido. Agora veja que interessante.
No dia 16 de Julho 2020 foi lançada pela HBO em Portugal, a série Admirável Mundo Novo uma adaptação do livro de Aldous Huxley que, claramente não possui a profundidade nem a riqueza do livro impresso. Na série, o Selvagem John está sendo incentivado a fazer parte daquela sociedade perfeita. A ferramenta responsável pela conexão é uma I O, uma interface ótica que o tornaria parte daquele sistema conectando-o a uma inteligência artificial chamada de Indra. Tudo o que ele faz, ouve e pensa está à disposição de todos. Ninguém precisa de privacidade pois isso será tudo para o seu bem! Possso fazer qualquer coisa…. tudo o que tem que fazer é se conectar. Agora veja comigo essa notícia comigo e faça suas comparações.
Após uma longa espera pela live da Neuralink nesta sexta-feira (28 de agosto de 2020), ElonMusk finalmente revelou os primeiros detalhes sobre o chip que pretende conectar o cérebro humano a computadores. A ideia é que o dispositivo fique colado – literalmente – ao seu crânio, e que possa realizar funções semelhantes às de um dispositivo vestível, como um smartwatch, por exemplo. Já a cirurgia seria feita por um robô bem simpáticosemelhante a uma máquina de costura, que seria o responsável por inserir as pequenas agulhas no seu cérebro. O processo poderia ser feito em uma manhã, e você poderia deixar o hospital à tarde – sem a necessidade de anestesia geral.
A Neuralink recebeu a designação de “dispositivo inovador” da FDA, e está resolvendo algumas questões pendentes com testes de segurança para posteriormente iniciar os primeiros implantes em humanos. E é com essa notícia, e a demonstração desta sexta, que ElonMusk pretende conseguir pessoas interessadas no projeto para trabalhar no aprimoramento do chip. De acordo com ele, a empresa busca por neurocientistas, engenheiros, especialistas em robótica e até mesmo profissionais que cuidem dos animais durante o processo. Os interessados podem se inscrever no site da Neuralink. E pasmem…. sempre há voluntários…..
Mas, e aí, você colocaria um chip desses no seu cérebro?
Admirável mundo novo é um livro incrivelmente atual, que fala de uma sociedade com valores invertidos, onde famílias e laços não mais existem, onde prazer e as sensações estão acima de tudo, onde as frustrações são abafadas por drogas e onde a falsa ideia de felicidade camufla um dos piores inimigos do homem: a solidão. A pergunta que devemos fazer é: Será que já estamos vivendo esse Mundo Novo???
Eu vou ficando por aqui, eu sou o Fabio Soares e esse é o Canal Filosofia Contemplativa.
Por que pensar… não custa nada!